segunda-feira, abril 28, 2014

Aroma de café nos ares do aeroporto

     “Estou aqui só dando uma voltinha”, justificou Márcia Cristina Abraão, 64 anos, enquanto passeava pelo aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
     Arrumando seu cachecol roxo ela disse que esse costume de passear pelo aeroporto vêm de muitos anos. Ela lembra que na década de 70, a moda era ir em bailes organizados pelos garotos da escola. “Nós ficávamos nos bailinhos até às 22 horas, depois da festa alguns grupinhos iam até o aeroporto tomar café. Mas isso acontecia sempre lá em Congonhas, na Zona Sul de São Paulo. Ainda sinto aquele aroma forte do café”, diz, saudosa.
     Márcia conta que nessa época Congonhas tinha um salão que dava vista para a pista. E o local também era usado para festas e casamentos. Brincando, Márcia deixa no ar uma certa mágoa: “Meu sonho era ir lá, numa festa dessas, só que nunca fui convidada. E também nunca tive coragem para entrar de penetra.”
Mesmo sem entrar no salão, Márcia diz que sempre ia a uma cafeteria que possuía uma vista privilegiada.        “Havia um vidro enorme por onde se via a Avenida Washington Luís e, do outro lado, a pista do aeroporto”. Naquele tempo era moda passear por lá. “Era considerado chique. Eu e minha turma ficávamos lá, madrugando”.
     Ela lembra que era interessante ficar vendo também os voos internacionais, que naquela época, eram operados em Congonhas. Só que nem tudo era graça. “Uma vez fomos lá, eu, um cunhado e uma sobrinha.      Como meu cunhado não queria gastar nada, não entramos no restaurante e ficamos apenas em uma rampa de onde vimos os aviões e o pessoal que embarcava e desembarcava. Foi entediante. Não vimos nada que valesse a pena.”
     Márcia já viu que passear no aeroporto deixou de ser emocionante. “Muita coisa mudou, a começar pelo aeroporto de Congonhas que fechou a bela vista que a gente tinha. Hoje em dia é tudo muito tumultuado. Aquela época era tranquila e sem violência”. Ao final Márcia olha o restaurante e diz:  “Acho que aqui também está muito caro para se comer. Fica caro até mesmo para se tomar um cafezinho.”
Por Isabela Guimarães

Nenhum comentário:

Postar um comentário