terça-feira, maio 06, 2014

Stuart

Cheguei animada na cozinha, segurando o livro nas mãos.
- Mãe. Olha o que estou lendo!
Ele se virou e analisou a capa. Voltou-se novamente para a pia, terminando de ensaboar um prato e soltou um riso baixo.
- Eu tinha visto na sua mesa.
O romance policial era dela, presente da sogra. Eu nunca soube de maiores detalhes sobre a crítica de minha mãe para com o livro. Só me lembro de uma vez que ela reclamou sobre os personagens terem nomes estrangeiros, por isso ela nunca terminara de ler... pelo menos foi assim que eu entendi (ou quis entender).
- Nossa - Continuei - Estou louca pra saber quem matou o Sr. Abernethie.
Sem se virar, ela emendou:  - Foi o Stuart.
Daí:
- Não acredito! Porque você me contou isso?
Ela se virou novamente:
- Tem algum Stuart na história?
- Não.
- Então... Estava brincando. Ha ha ha. Caiu.

O que eu aprendi naquela noite?
Que até hoje desconfio de um personagem que não existe.
E ainda desconfio se ele não existe mesmo.
E desconfio mais ainda de qualquer Stuart.
E também desconfio da minha mãe.